NOITES DE LUAR
Por estas noites de luar saudoso
Louras, como são louros os trigaes.
Ouço enlevada as notas de crystaes
Do modular de um passaro mimoso.Chego à janella. Nuvens triumphaes
Vagueiam mansas, pelo céo formoso...
E, ave encantada, o passaro ditoso
Continua a cantar pelos quintaes.Sempre esperando que esse canto finde,
Prendo-me alli, deliciada, emquanto
Deslisa a lua pelo azul da espheraQual pelas vagas deste mundo seinde
Cheia de graça e magestoso encanto
Das ilusões a perenal galera.Elisa de Almeida Cunha
Poema de 1903, publicado na Revista O Lyrio, nº 15, ano 3, janeiro de 1904, fls. 8, PE