Estado de calamidade

A lua estava cheia, mas eu estava cheio da lua
E mesmo assim me empanturrei até o vômito
tão bem aceito quanto uma tosse bem educada,
e mesmo assim eu fui sua putinha extravagante
usando a língua como tomara-que-caia
ao redor dos peitinhos acesos e rosados,
e ainda assim fui o moleque
que fazia shows eróticos nos corrimãos da igreja,
o que se refrescou com leques feitos de pálpebras,
o que deveria ter ido pra cama em coma mais cedo
tonto de tanto soro fisiológico.

Havia uma enchente na lua e eu estava lá.
Havia uma enchente na lua.

                                                 Dimitrios Valentim

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