RAPTO DA LUA
Incorporo a lua
a este escritório
já que não a vejo
de casa ou da ruaUntei-a de graxa
ampliei a janela:
ei-la sobre o arquivo
pálida, vazada —
astro corroído
dos vermes da salaTento subtraí-la
ao ar empesteado
Talvez um abraço
à guisa de abrigoInútil: corrompe-se
(Nenhuma alquimia
retém a luzerna
que calma se evola
da mes, da máquina
das cartas)
Francisco AlvimDo livro: Sol dos cegos, E. autor, 1968, RJ