LUA CIGANA

Bordei ramos
No lençol do tempo.

Ousei lapidar
Pedras solitárias.

Vibrei todos os tons.

Fiz sinfonia
Em todos os acordes.

Cerquei a mim mesmo
De todos os meus infinitos!

                

LUA ECLUSA

Não houve mudanças
Minha casa é a mesma.
As luzes acesas
Estão solitárias
Janela aberta,

Feito dono e senhor
Espreito o mar...

Luzes da cor da noite
Busam o mar
A dança do tangará.

Na janela escondida
O descompasso em revoada
Beija a lua bailarina,
Pondo em fuga a solidão.

Um vento bate à porta.
Acordo.
É tempo de apagar as luzes!

Mudanças?
Não houve.
A casa é a mesma.

                                                      Marcos Laffin

Do livro: Estivador, Edições Ipê, 1990, Joinville/SC

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