Soneto à Lua

Vens chegando de tão longe, tão cansada,
Tão frágil e tão pálida vens vindo,
Que pareces, ó doce Lua amiga,
Vir impelida pelo vento leve.

Pelo vento gentil que está soprando
Tu pareces tangida, como um barco
Como as suas louras velas enfunadas,
E vens a navegar nos altos mares...

Atravessando campos e cidades,
Quantas artes e sortes não fizeste,
Ó triste Lua dos enamorados!

Quantas flores e virgens distraídas
Não seduziste para a estranha viagem
Por esse mar de amor, cheio de abismo!

                           Augusto Frederico Schmidt

Do livro: Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla, Companhia Editora Nacional, 48ª ed., 2009, SP

Voltar