GARRINCHA

Mané Garrincha era um menino sorridente
Que corria entre os dentes verdes das bocas de futebol.
Os cartolas decretavam
Que seu joelho era uma bola
Podiam chutar à vontade

Um dia Garrincha fugiu do campo de concentração
Pra tomar banho de mar.
Morreu afogado num copo de traçado.

Nesse dia
Deu zebra na loteria
Esgotaram-se edições extras de todos os jornais.
O povo ficou triste ouvindo o rádio de pilha.
Se fizeram minutos de silêncios antes das pelejas
Seus companheiros estavam macambúzios nos funerais.
Um padre na capela rezou um Assim Seja
E a multidão pisou nos túmulos pra ver os craques da seleção.

Depois seu nome restou lembrança num time de botão
Que uma criança largou esquecida no chão.

                                                                               Mano Melo

Enviado por Zanoto

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