Portugal “Mundial 2006”
I
Tudo aquilo que é belo tem poesia,
tem movimento, cor e melodia,
tem muito de emoção e harmonia...
Tudo o que tem sentir já tem poema
e mesmo que alguém sofra por dilema
sublima em sua vida a coisa extrema.
Tudo o que tem sofrer tem odisseia
e o bem também se encontra nesta ideia
que a todos os que lutam já premeia.
Tudo o que o sonho arrasta sempre traz
naquele prazer e dor, pois tanto faz,
que há-de brotar na guerra ou na paz.
O mundo é um gramado onde se luta,
onde se corre e salta e premuta
mas onde não há regras nem batuta.
O mundo é aquele circo e aquelas gentes,
que aplaudem e que choram bem diferentes,
onde os gritos se cruzam com as mentes.
O mundo é aquela bola arredondada
plena de uma magia desvairada
que aponta p ro sucesso ou para o nada...
O mundo tem balizas maiorais
sem branca geometria e sem arrais
e os golos, se acontecem, são fatais.
Deixemos este mundo sem feição
correndo atrás de si com comoção
num jogo muito amorfo sem paixão.
Deixemos o desporto s instalar,
com força e coração a palpitar,
que dele outra beleza há-de brotar.
Deixemos esvoaçar a fiel bandeira,
cantando o hino sempre à maneira,
p ra não haver em nós mais tremideira.
Deixemos nosso Sonho amadurecer
pois que também é justo suceder
sermos nós Campeões ao amanhecer!
II
Três actos já passaram vencedores
os Lusos combatentes, fiel bitola,
o México, o Irão e a nobre Angola
que, estes sim, ficaram perdedores.
Cada um destes jogos com suas cores
o estádio transformou em bela escola,
que a alma do país já se consola
em mostrar que é capaz de tais amores.
Vindo agora em desejo a culta Holanda,
que das tulipas tem o seu perfume,
tarefa assaz difícil se presume...
Mas bem se molha quem à chuva anda
pois se p ra uns a sorte é madrasta,
pra outros um sorrir é quanto basta!
Frassino Machado