Chão que é do bom

Chão Bom, de terra seca onde o sol defeca
Chão Bom de hortos e de canaviais
Chão Bom é minha, Chão Bom é tua
Chão Bom de mulheres bonitas quando se embriagam
E mais ainda, quando os reformados usam viagras
Chão Bom será sempre dos filósofos quando Foro fala
Djonsa Lopi canta, Malade dança e Nha Maninha cala pela eternidade
Chão Bom de Pasárgadas quando Nataniel engata
Antes do tempo da maioridade.

É Chão Bom quando aranha
Porque Nhelas é Tigre
Chão Bom de história de um campo mudo
Que ainda procura a sua timbre depois de ser prisão

Chão Bom, Chão Bom é meu gente
Chão é inspiração quando Silvino escreve
Chão é Tarrafal quando o povo fala
Chão Bom e pó quando o batuco deixa de ser terra
Chão Bom escuta quando o Soares fala, só com a alma
Chãos Bom gente, Chão Bom, juntos pensam que tudo é matéria para rameira

Chão Bom rima a poesia de Achada Grande até Achada Chão Bom
Quando Silvino deixa de ser Silvino para ser um poeta de apelido Évora
Num mal de nascença que veio de uma outra era

Este Chão é Bom quando o poeta lé o futuro
E este futuro já tinha parido o seu maior poeta
Que quando escreve é poeta
E quando declama é José Luís Tavares
Ainda é mais Chão Bom, quando um tal Costa nunca dá costa à luta

Chão que geme quando o seu povo teme
É Chão Bom gente
Chão Bom reclama e a vida clama
Se é fantástico, é ver para crer
É Chão Bom, que vila espanta, a vontade é tanta
E quando o gigante dança
O homem é anão

É Chão Bom gente

Mesmo seco o chão é bom, é de arreia negra
Uma parte dorme e a outra constrói estradas e avenidas
Pela benfeitoria, praças e pracetas imortalizam seus heróis
Também é a minha terra, terra da mágica, onde o mágico se confunde com magia
Nossa, também Chão Bom é terra de Barbosa

Chão Bom quando não curva , cai de pé
Da água para abastar a garganta seca da vila
Para alimentar uma plantação
De nome Mangue que segura sua figura de estilo
Chão Bom ou de noite ou de dia,
Chão Bom é pop

É Chão Bom é mais ainda quando arregaça as pernas e não entra nada
Mas está gravida de problemas, esta prenha de dilemas da vida.
A vida penetra até garganta,
Chão Bom fala, engasgada mas incomoda sem a voz.

                                                                                           Mário Loff

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