Era naquela Quarta Feira Santa
Com os asobios dos pássaros escutando,
A paisagem forestral gozando!
Entramos nas matas da Cruz Santa!
O solzinho nos iluminava
No coração, a paz reinava,
Com a companhia eu deslumbrava!
Estava eu fora da realidade?
Todas razões para tal havia,
Nesses inexplicáveis momentos de felicidade
Cheios da êxtase e alegria!
Sentíamos as dores do desconhecido?
…Das profundidades de tristeza ainda à vir?
Com os momentos presentes
Preocupavam as nossas mentes:
O lustro de uma folha, a curva de um ramo
Agora: isso nos dava um sentido
E propósito!
Conjurar esses quadros
Fortes com sentimentos,
Mas na memória: … mui fracos;
… E vazio de todo o pensamento
Esse passeio às vezes eu tento:
Como um pássaro solitário
Que a escova bica
Uma minhoca procurando?
Ou p'ra o ninho um rebento?
… Isso fortalece o santuário de refúgio
Sugere a emoção quebrada
E o afecto passado!
Estes insignificantes actos positivos
Empresta uma beleza à cena
E o coração contenta!
Venha e eu mostrarei: não fátuos
Mas os uivos da realidade!
… Tu entrarás o teu ser nessa mente
P'ra aquela afeição permanecer eternamente!
Berardo Pinto Pereira
Do livro: "Lágrima de saudade", Ed. Blocos, 2003, RJ