Leitor! visto que aquela aspiração e súplica
É uma coisa velha, uma conversa fiada.
E a Justiça é como uma flor que a D. Retórica
Põe na janela, para a murchar sem vida.
Visto que aquela forte e antiga heroína: Goa,
Que glorificou o oriente como a sua pérola
É hoje uma velha tonta: como uma asmática toa,
Trazendo pieguice como a sua pincela.
Já que o antigo Respeito: por cuja porta
Entravamos tremendo como espigas verdes,
Resta a sua pele como a duma pantera morta
As senhoras recusando gozar os seus sabores.
Já que é a Recordação traz um grande dó
ao peito
E aquela Ordem faz soltar uma garganta de ouro
E o Progresso, o gentil, mimoso amor perfeito
Que a opinião pueril borda para o namoro.
Já que é o "Amor do Bem": a cândida política
Das Nações Unidas, só enternece os tolos
E a Economia Ideal, sempre tropeça,
Quando Eles cantam nas noites de bolos.
Já que é ainda a Hierarquia, a exótica coruja,
Que odeia o recto sol, e só em trevas anda,
A sua moral sendo uma colcha, aparativa e suja,
Que a D. Instituição estende na varanda
Visto que é inda hoje o heróico Pensamento,
Do crânio que combusta a lava do trabalho
Um doido, um pobretão, que na trapeira, ao vento,
Namora D. Ideia, e come açorda de alho.
E assim o Génio é um Louco — porque se mete
A lutar contra os obstáculos e os seus furores:
Arrastando assim a estronice em forma de tapete,
E fazendo da Inspiração um capacho de flores!
Enfim, já que não aguardo aquelas simpatias:
O ferro em brasa, o estigma, as infamantes notas,
— é preciso extirpar, os "amigos", as regalias
Pois será sacrilégio furtar alguém as suas botas!
E como é preciso afastar deste preconceito a sério
Aliás me faço dum gatuno, dum jovem sem bom senso,
E como não posso trepar mais nesse mistério
E ao mesmo tempo furtar um grande lenço
Neste iníquio, enfim: uns sorriem na opulência,
Outros me querem encarcerar como corrupto….
Eu ergo, ó leitor, a voz ante a vossa clemência
E em nome da Humanidade, em nome da Coêrencia,
— requero um Acordo a este Aveto!!!