Dante
Gentil e tão honesta se revela
A minha amada, quando a alguém saúda,
Que toda língua, a tremer, se torna muda,
E alçar ninguém se atreve os olhos nela.
E ao seguir, do louvor, cauta, se escuda
Com a benignidade e em ser singela.
E como se do céu previesse aquela
Que em milagre na terra se transmuda.
Deleita de tal modo a quem a mira,
Que é pelos olhos intima doçura,
Mas só pode senti-la quem a prova.
Parece que seus lindos lábios mova
O espírito do amor e da ternura,
Que vai dizendo ao coração: “Suspira!”
Enviado por: Diógenes Pereira de Araújo