Essa que, velha, trêmula hesitante,
Parece mais um trapo que criatura,
Também foi moça e, viva, palpitante,
Sonhou e teve dias de ventura.
Hoje, ao lhe ver o mísero semblante,
Ninguém lhe reconhece a formosura.
Que a vida, para nós, é breve instante,
E a beleza na terra pouco dura.
Por isso, moça, que te julgas bela,
E a beleza a sorrir tanto apregoas,
A velhice terás, por mais cautela.
Há, porém, um fulgor que não fenece:
É a beleza interior das almas boas,
Que é linda sempre, pois não envelhece.
Tolentino Miraglia