Quando penso que a brisa sussurrante
— Essa trêfega brisa doce e alada —
Impunemente pode, a cada instante,
Aos ouvidos ciciar da minha amada;
Quando penso que pode, palpitante,
Com sua voz melíflua e magoada,
Ciciar-lhe tanta cousa tão galante,
Dizer-lhe tanta cousa apaixonada;
Quando penso que pode, sobretudo,
Na doçura dos lábios de veludo,
Na doçura dos lábios de cereja,
Tanto beijo imprimir-lhe, delicioso;
Eu, que não sou por índole, invejoso,
Eu confesso, leitor, que tenho inveja.