I
numa valsa de cor e de mistério
muda de lágrimas contemplo
por entre os cavalos e os touros
a forma, o desenho, a cor
a sobreposição de imagens
e no simbolismo de cada traço
procuro a verdade da História
outra que não a conhecida
e dos sons da pré-história
chega-me a perspectiva
o desenho em relevo
a cor perfeita
a técnica e a arte
dessa sociedade cromagnon
que na comunicação encontrou
a sublime expressão
da eterna humana procura
II
os sinos tocam
e o sol aquece a minha memória
cidades medievais,
rochedos onde o homem
esculpiu suas guaritas,
catedrais devotas
que os turistas invadem,
rios e paisagens
que guardo na aguarela dos olhos
e acima de tudo
o código colorido
com que do outrora
me chegam as mensagens
dos meus ancestrais primitivos
que quis descobrir e recriar
nessa fotocópia sem palavras
Lascaux II