TRAVESSIA DO DESERTO
Da minha viagem selvagem
Chego sequioso, alquebrado
E procuro a frescura do oásis
Que se encerra no teu peito.
Vã esperança, meu tormento,
Apenas encontro uma réstia,
Um magro fio de água turva.
Algumas gotas dispersas
Que não me mitigam o sofrimento.
Que apenas aumentam o desalento.
Penso então — magra consolação —
Que foi a minha ausência
Que hauriu a verdadeira fonte,
Que secou o nascente.
Nos meus feridos pensamentos
Busco a força que a fará reviver.
A fonte inicial, o curso natural,
Onde de novo brotarão,
Desabrocharão as flores,
O mel das coisas simples,
As pequenas grandes alegrias.
A alegria de viver, de amar,
De correr e de saltar.
De ouvir a canção da água
Jorrando alegremente,
Feliz, serena e contente.
Então a viagem tormentosa terminará.
Serei o zelador, o guardião do oásis,
Para todo o sempre.
Até à partida para um outro paraíso,
Ainda mais puro e elevado
Onde esperarei o final juízo.
Onde esperarei, descansado,
A tua vinda tão desejada.
Sentado numa nuvem de fada
Onde o teu lugar está reservado.
Sabendo que o amor e a amizade,
O respeito e a lealdade,
Estarão presentes para a eternidade.
E tendo disso conhecimento,
Estendo-te a mão, abro-te o coração,
Como tu deverás fazer neste momento,
Para plenamente te ajudares,
Para eu poder te ajudar.
Talvez com parcos meios, muito
subjectivos.
Quase insensíveis aos olhos dos profanos,
Quase invisíveis, até mesmo para ti.
Na minha força encontrarás a força
Que me dará alento para ir mais além
E me dará o poder da mente
Para realizar o milagre ...
Que digo ? Por quem me tomo eu ?
Um iluminado ? Por um Deus ?
Por isto peço perdão.
Apenas elucubração.
Desvarios do coração.
... Para recriar o milagre
Do retorno à fonte original,
À fonte inexplicada onde brota
O sentimento, a pedra filosofal.
Motivo e essência da vida.
Complexidade feita de querer e
não querer.
Quadro nu, feito de imaginada cor,
Ao qual apenas chamamos ... amor.
Um oásis no qual o oferecer
É mais importante que o receber,
Pois oferecendo se recebe
E recebendo se está oferecendo.
O lugar idílico situado
No fundo da alma, do coração.
O incompreensível oásis bem real
Onde a razão não tem lugar,
Onde a água dançará cristalina
E cantarão as flores.
Um respirar fundo, um alívio.
Uma libertação, um renascer.
Um dessedentar, uma paz recreada.
Uma singela alma amada,
Um querer por bem querer.
Sem ritmo, sem rimar,
Apenas o amor a versejar.
Transmissão de pensamento.
Um apelo, um lamento.
Para estarmos mais perto.
Para acabar a travessia do deserto.
Os teus olhos brilhando quando me lês.
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TRAVERSÉE DU DÉSERT
De mon voyage sauvage
J’arrive assoiffé, malmené.
Je cherche la fraîcheur de l’oasis,
Le paradis dans ton cœur.
Vain espoir, mon tourment.
À peine si je trouve un mince battement.
Un maigre fil d’eau trouble.
Quelques gouttes dispersées
Qui n’atténuent pas ma souffrance.
Mon désir de délivrance.
Je pense - maigre consolation -
Ce fût mon absence
Qui assécha la vraie fontaine,
La source de jouvence
Ô ma grande déception !
Dans mes blessées pensées
Je cherche la force qui te fera revivre.
Recherche la fontaine initiale, le cours naturel,
Où à nouveau naîtront
Écloront les fleurs.
Le miel des choses simples.
Les petites grandes joies.
Le bonheur de vivre, d’aimer,
De courir, de sauter.
D’entendre la chanson de l’eau
Jaillissant allègrement.
Heureuse, sereine, contente.
Alors le voyage tourmenté se terminera.
Je serai le zélateur, le gardien du temple,
Pour toujours.
Jusqu’au départ pour un autre paradis
Encore plus pur et élevé
Où j’attendrai le jugement final.
Je guetterai, reposé,
Ta venue si désirée,
Assis sur un nuage
Où ta place est réservée.
Sachant que l’amour et l’amitié,
Le respect et la loyauté,
Seront présents pour l’éternité.
Et ayant de cela connaissance
Je te tends la main, je t’ouvre mon cœur,
Comme tu dois le faire en ce moment,
Pour que pleinement tu t’aides toi-même.
Pour que je puisse t’épauler, te réconforter.
Peut-être avec de maigres moyens. Très
subjectifs.
Presque Invisibles. Même pour toi.
Dans ma force
Tu retrouveras la puissance
Tu me donneras l’élan pour aller plus loin.
Le pouvoir de la pensée
Pour réaliser le miracle …
— Que dis-je ? Pour qui je me prends ?
Un illuminé ? Un dieu ?
Pour ceci je demande pardon.
Ce n’est qu’élucubration.
Un écart de la raison.
... Pour recréer le miracle
Du retour à la source originale,
A la fontaine inexpliquée
Où voit le jour le sentiment.
La pierre philosophale.
Raison et essence de la vie.
Complexité faite de vouloir et de
non-vouloir.
Tableau nu fait d’imaginées couleurs
Que nous appelons simplement … amour.
Une oasis dans laquelle l’offrir
Est plus important que le recevoir
Car en offrant on reçoit
Et en recevant on offre.
Le lieu idyllique situé
Au fond de l’âme, du cœur.
L’incompréhensible oasis bien réelle
Où la raison n’a pas de place,
Où l’eau danse cristalline
Et chantent les fleurs.
Un respirer profond, un soulagement.
Une libération, un renaître.
Un assouvir, une paix recrée.
Une singulière âme aimée,
Un vouloir pour bien vouloir.
Sans rythme, sans rimer.
Juste l’amour à versifier.
Transmission de pensée,
Un appel, une lamentation.
Pour que nous soyons plus près.
Pour finir la traversée du désert.
Avec les yeux brillant quand tu me lis. |