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Quero cantar, cantar, cantar, cantar!
Eu não ofenderei cabra nem lebre.
Se há algo na vida que nos faz chorar,
Algo também nos faz ficar alegres.
A maçã da alegria todos portam,
Mas o assobio do ladrão nos ronda.
E outono, sábio jardineiro, um dia corta
Uma folha amarela — a minha fronte.
Há uma senda no jardim da aurora.
Vento de outubro corrói a floresta.
Para conhecer tudo e não ter glória
Veio ao mundo o poeta.
Veio para beijar as vacas
E ouvir no coração o triturar da aveia.
Cava, foice de versos, cava!
Vai, sol-arbusto, e flor-semeia!
Siérguei Iessiênin (tradução de Augusto de Campos)