Um Poema do monte...
A oliveira, a criança e o moinho
Adormecida no monte, a velha oliveira é acariciada pelo moinho,
pelo papagaio de papel dançando em riste no
céu, entre voos de aves espantadas.
As velas tombaram há muitos anos da azáfama do trigo
e do cântico das
moleiras.
Adormecida no monte,
a velha oliveira tem a memória do azeite
e da luz no vento que a abraça
nas últimas folhas que restam
do tronco quase seco,
marcado pelos restos dos namorados
de amor eterno e coração
vincado nas promessas
tronco que grava a memória.
Nesse dia uma menina foi visitá-la com o encanto de mãos
elevadas a vento, com histórias das cidades próximas
e canções longínquas.
A velha oliveira acordou
com o encanto da visita
A menina, levava-lhe uma rosa branca para lhe agradecer o tempo
sereno de paz
a memória do interior da terra que vai pulsando
o silêncio das raízes
transportando sonhos e outras viagens.
Na sua solidão, boa de afecto e sabedoria
sentia a rosa presa no seu tronco , quase seco e sereno
De repente, numa luz esverdeada de seiva renovada,
surgiram três rebentos, da união com o perfume da rosa
fechando um ciclo perfeito de sonho secreto
na resposta do mergulho da terra
das mãos da menina e do sentimento
E o papagaio, o moinho, a oliveira ficaram
envolvidos numa harmonia
que só o silêncio entende....
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