Sem cessar manobrava a grande vela do ar.
Era a cordilheira um litoral do céu.
A tempestade vinha e ao toque do tambor
seus molhados regimentos atacavam;
mas logo o sol com suas patrulhas de ouro
restaurava a paz agrária e transparente.
Eu via os homens abraçados à cevada
cavaleiros a submergir-se no céu
e baixar à costa perfumada de mangas
e os vagões carregados de bois mugidores.
O vale estava alí como as suas fazendas
onde prendia a aurora seu bebedouro de galos
e a Oeste da terra ondeava a cana
de açúcar sua flâmula pacífica, e o cacau
guardava num estojo sua fortuna secreta,
e cingiam, o abacaxi sua couraça perfumada,
a banana desnuda sua túnica de sede.
Tudo já passou, em ondas sucessivas,
como as cifras vãs da espuma.
Os anos vão sem pressa enredando líquen
e a lembrança é apenas um nenúfar
que ergue entre duas águas
seu rosto de afogada.
A guitarra é só um ataúde de canções
e se lamenta ferido na cabeça o galo.
Todos os anjos terrestres emigraram,
até o anjo moreno do cacau.