A múmia suspensa
Tenta o tronco com o olho morto
e revirado para este cadáver,
este despelado cadáver que se lava
no hórrido silêncio do teu corpo.
O ouro que cresce, o veemente
silêncio em cima do teu corpo
e a árvore que carregas ainda
e este morto que adiante vai.
— Olha como rolam os fusos
nas fibras do coração escarlate
este grande coração onde o céu deslumbra
enquanto o ouro te submerge os ossos.
É a dura paisagem do fundo
que enquanto caminhas se desvela
e a eternidade sobrepassa-te
porque não podes atravessar a ponte.
Antonin Artaud
(tradução de Antônio Ramos Rosa)
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