Era uma vez
um português
de Portugal.
O nome Luís
há-debastar
toda a nação
ouviu falar.
Estala a guerra
e Portugal
chamaLuís
para embarcar.
Na guerra andou
a guerrear
e perde um olho
porPortugal.
Livre da morte
pôs-se a contar
o que sabia
de Portugal.
Diase dias
grande pensar
juntou Luís
a recordar.
Ficou um livro
aoterminar.
muito importante
para estudar:
Ia num barco
ia no mar
ea tormenta
vá d'estalar.
Mais do que a vida
há-de guardar
obarco a pique
Luís a nadar.
Fora da água
um braço no ar
na mão o livro
há-de salvar.
Nada que nada
semprea nadar
livro perdido
no alto mar.
– Mar ignorante
que queres roubar?
aminha vida
ou este cantar?
A vida é minha
ta posso dar
mas estelivro
há-de ficar.
Estas palavras
hão-de durar
por minhavida
quero jurar.
Tira-me as forças
podes matar
a minha alma
sabevoar.
Sou português
de Portugal
depois de morto
não voumudar.
Sou português
de Portugal
acaba a vida
e sigo igual.
Meucorpo é Terra
de Portugal
e morto é ilha
no alto mar.
Háportugueses
a navegar
por sobre as ondas
me hão-de achar.
A vidamorta
aqui a boiar
mas não o livro
se há-de molhar.
Estaspalavras
vão alegrar
a minha gente
de um só pensar.
Ànossa terra
irão parar
lá toda a gente
há-de gostar.
Sóuma coisa
vão olvidar
o seu autor
aqui a nadar.
É fadonosso
é nacional
não há portugueses
há Portugal.
Saudadestenho
mil e sem par
saudade é vida
sem se lograr.
A minha vida
vai acabar
mas estes versos
hão-de gravar.
O livro é este
é este o canto
assim se pensa
em Portugal.
Depois de pronto
faltava dar
a minha vida
para o salvar.