Hiatus irrationalis
Coisas, que corram em vós o suor ou a seiva,
Formas, que sejam nascidas da forja ou do sangue,
Vossa torrente não é mais densa que meu sonho;
E, se eu não os atinjo de um desejo incessante,
Eu transponho vossa água, caio na greve
Onde me atrai o peso de meu demonio pensante.
Só, ele se choca ao solo duro de onde o ser se ergue,
Ao mal cego e surdo, ao deus privado de sentido.
Mas, assim que perece todo verbo de minha garganta,
Coisas, que sejam nascidas do sangue ou da forja,
Natureza, — eu me perco no fluxo de um elemento:
Este que arde em mim, o mesmo vos subleva,
Formas, que corram em vós o suor ou a seiva,
É este fogo que me faz vosso imortal amante.
(tradução de Alduísio Moreira de Souza)
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