Se amas, pobre criança,
ah! se tu amas?
Não tenhas medo, não:
é inefável desastre.
Há um misterioso sistema,
e leis e influências
na gravitação das almas
e na gravitação dos astros.
Estás assim, tranqüilamente,
sem pensar no que evitas,
e de repente, já não agüentas mais,
é como se a cada instante
descesses bem depressa
de elevador:
e é o amor.
Nem livros mais, nem paisagens,
nem desejos de céus da Ásia.
Sobra aquele rosto — aquele
ao qual se anestesia o coração.
E nada em torno.
Jean Cocteau
(tradução de Sérgio Milliet)