Homem com mochila no mercado, Irmão
como você, sou homem burro, homem camelo,
homem anjo. Sou como você.
Nossos braços são livres como asas.
Comparados conosco, todos os que carregam cestas
são escravos de escravos, sujeitos e humilhados.
Nós trocamos moedas por verduras frescas,
e para o esquecimento de nossas vidas compramos
frutas e suas memórias, memória de campo e jardim,
memória de cheiro da terra e do zumbir das abelhas em dia de
calor.
Nós vimos uma mulher num vestido leve de verão,
antes de um amor longo e intenso,
que determinará a sua vida.Ela não sabe ainda.
Nós sabemos. Em nossas costas
carregamos o fruto da árvore do conhecimento.
Homem com mochila, você vive onde?
Eu sou como você, vivemos nas distâncias
entre o prêmio e a punição.
E como nós vivemos? E como à noite nós dormimos,
em que sonhamos? Os que você ama,
ainda vivem nos mesmos lugares?
Nossas mochilas, como pára-quedas fechados
em, nossas costas, abrem de noite
pra podemos saltar, e pairar
sobre a fragrância de lembrar e esquecer.