Por liberar-me de certos males,
fui petar ao paço dos tribunales.
Logo saiu à porta um empregado,
que amavel preguntou desta guisa:
- O que deseja home tâm preocupado?
- Aqui venho a procura de justiça!
Ouvido esto, rompeu a rir o assalariado,
e nôm parou atè morrer de risa!
Fui entôm detido e a prisôm levado,
como um vil e nojento condenado,
mas achando-me mal no estabulàrio,
fui ao alcaide, quem com voz submissa,
disse:- Que deseja deste seu criado?
- Sô venho a procura de justiça!
Tal ouviu,escachou a rir o funcionàrio
e nôm parou atè morrer de risa!
Achando-me em posse de tal poder,
dei por fazer o que bem entender,
obrando como à real gana lhe petava,
e a quem de mo privar tinha cobiça
bastava que, como aos outros lhe citara
a frase de:- O que procuro è justiça!
Para que a rir de sùpeto escachara
nôm parando atê morrer de risa!
Francisco Barros Cascallar/Chankecham