Corroendo-me o peito levo cangado umha màgoa
que nôm tem cura nem fim que seja de seu natural.
Acompanha-me desde nôm sei quanto tempo hà
e sô findarà na hora em que morte triste hache.
Amargo è o destino de quem tal mercancia porta
pois que nôm sabe de dita,paz ou sosego
e por moito que clame ao Cèu por um fim certeiro
sempre hà de sofrer cuita que esperança nôm cura.
Nôm è a toa toa que o sensato nôm sonha nem delira,
sabedor de que a iluçôm è quimera e nada mais
passa pola vida peteirando as flores do presente
e deixa para o pobre sonhador empedernido
a sofrida tarefa de ir polo mundo turrando
dessa carroça que sô porta fùtiles esperanças!