Mar
Estais sob minha cama, conchas, algas, areias:
começa vosso frio onde meus lençóis acabam.
Roçaria uma xávega, se eu os braços baixasse
e sua rede iria estender na mezena
desta cama flutuante entre ataúde e tina.
Quando fecho meus olhos revestem-se de escamas.
Quando fecho meus olhos, o vento do Estreito
põe cheiro da Guiné nas roupas encharcadas,
põe sal num cesto de flores e de cachos
de uvas verdes e negras na minha travesseira,
faz encher a insónia, e então num travesseiro
sento-me com meu sonho a ver passar a água.
Enviado por: Leninha
«
Voltar