Correm rumores...
de que, eu, morri algures...
Fui procurada...
e encontrada, nenhures.
Em qualquer lado,
jaze o meu corpo caído
no meio das flores,
que já nem fazem sentido.
Fugiu minh´alma,
deixou o corpo e o vestido
que eu mais gostava.
Agora é trapo esquecido.
Os pés descalços...
sobre um tapete de terra,
castanha e quente;
de bom sol,
em qualquer serra.
Os meus cabelos...
misturados com a erva.
E a posição... fetal...
que o corpo conserva.
Morri sozinha...
(como sozinha cresci).
Entre as pessoas...
sempre sozinha vivi,
no meu absurdo
celibato de mulher.
Sei que lhes dói,
tudo aquilo que eu disser.
Não entendi...
os seres humanos, a fundo.
Talvez, agora,
possa vaguear pelo mundo,
sendo invisível,
os animais ajudar...
Os meus irmãos,
que Deus não vê, castigar.
Correm rumores...
de que ando por aí...
Nada receiem...
quem me fez mal, já esqueci.
Correm rumores...
que Deus, em mim delegou,
alguns poderes e,
aos anjos afirmou:
- Joana d´Arc, Quixote,
Zé do Telhado...
de todos eles,
essa alma tem bocado!
Laura B. Martins