Se de repente todos fôssemos flores,
que flores enormes e de bigodes compridos.
Moscas magrinhas, escaravelhos ressequidos,
ficavam presos em cabelos estorvadores.
Simples palitos, caulezinhos sem defesa,
eram iguais a torneados pés de mesa,
e até, rasgando-se, o algodão dos botões
dava em peluche perfumados corações,
e nas montanhas colunas de gesso havia
chorando uvas de gesso.
As folhas n'água eram cartões flutuadores,
as borboletas em asas se desfaziam
e os canteiros co'os odores secariam,
se de repente todos nós fôssemos flores.