Toca outra vez; mas agora
com mais respeito pelo movimento na origem dele,
e menos atenção ao tempo. O tempo está
curiosamente no decurso dele.
Toca outra vez; não olhando
para o dedilhar, mas esquecendo, e deixando que flua
o som até que te rodeie. Não contes
ou sequer penses. Deixa ir.
Toca outra vez; mas tenta que não sejas
ninguém, nada, como se o andamento
do som apenas fosse o coração que bate, como se
a música fosse o teu rosto.
Toca outra vez. Seria bem melhor
pensar menos e menos nas notas, no compasso.
É tudo uma estrutura de silêncio. Sê silente, e
então
toca para teu prazer.
Toca outra vez; e, desta, ao acabares,
não me perguntes o que eu penso. Sente o que acontece
estranhamente na sala enquanto o som fica suspenso
em ti, em mim, em tudo.
Agora,
toca outra vez.