Os poetas chamados malditos
Que vomitam lúcidos poemas
No beco da escura miséria
Tem nas veias uma venérea
De tripa, limão e cachaça
De santo, de diabo e de traça
De dor enraizada e veneta
São eles os mágicos poetas
Que bebem pingos de esperanças
Sem esperança quase nenhuma
Que fuzilam a carne e a lua
Com rios de ácido e pico
Pois viver para eles é um bico
E amar às vezes é possível
Mas no mundo nada é visível
E o podre é o arrogante rico
São assim os rebeldes poetas
Chamados de simples malditos