Já escrevi seus olhos num poema
Que falava em luz e em selva
Falava em praias e pegadas
Descrevi seu amor, bela amada,
Num livro de páginas rubentes
E no crepúsculo, sol poente,
Fui em busca de suas mãos aladas.
E no caminho à beira mar,
Entre o vento e o gosto do sal
Na desmatada mata Atlântica,
Como a bela cidade Atlântida
Ela foi imponente mistério,
Fiz da palavra um ministério
E chorei sua ausência fantástica.
Passara-se quase um decênio,
E já no fim deste milênio
Encontrei-a de cores vestida,
Do azul e do ouro embelecida,
Foi tão grande a emoção,
Que senti no meu coração
Uma saudade desmedida.
Hoje, nas noites de lua cheia
A recordo como uma estrela
No infinito, sempre deitada,
Como uma luz, azul amada,
Navegando todo o universo,
Musa, fogueira de meus versos
De astros e sóis encantada.