Assim me faz Amor arder inteira
Como uma nova salamandra, e igual
A não menos estranha ave ancestral
Que morre e que ressurge na fogueira.
O meu prazer, delícia e brincadeira
É estar ardendo e não sentir meu mal
Sem me importar se quem me induz a tal
De mim queira ter pena ou não no queira.
Mal o primeiro ardor foi se apagando
Amor outro acendeu, mais vivo e quente,
Que cada vez mais sinto me abrasando.
Mas não serei por isto penitente
Se quem meu coração andou roubando
Do novo ardor se vir pago e contente.
Gaspara Stampa
(Tradução de Sérgio Duarte)
Do livro: "Três Mulheres Apaixonadas", Companhia
das Letras, 1999, SP
Enviado por: Márcia Maia