Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se virdes que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus que os teus anos encurtou
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou...
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Luis Vaz de Camões
Enviado por: Fernando Tanajura Menezes