Toda alma que a gente traça
lenta, no ar, em resumidos
vários anéis de fumaça
noutros anéis abolidos
atesta qualquer cigarro
por pouco que separado
fique da cinza e do ssaro
seu claro beijo inflamado.
Assim o côro dos poemas
dos lábios voa sutil.
A realidade, não temas,
excluí-la, porque é vil.
A exatidão torna impura
tua vaga literatura.
Mallarmé
(tradução de Luis Martins)
Do livro: "Obras Primas da Poesia Universal", Livraria Martins Editora, 1954, SP