De repente uns desejos fúteis
tivesdes, de escutar um pouco
as várias músicas inúteis
das minhas flautas de um som rouco.
Esta canção que eu comecei
ante a paisagem, frio e grave
ficou melhor quando a cessei
para olhar vosso olhar suave.
Sim, este vão sopro que expulso
até meu último limite
(meus dedos hirtos movo a pulso)
falha se imita, embore imite,
o vosso claro, natural,
riso infantil e matinal.
Mallarmé
(tradução de Luis Martins)
Do livro: "Obras Primas da Poesia Universal", Livraria Martins Editora, 1954, SP