Algum homem indigno de possuir um amor velho ou novo,
sendo ele próprio falso ou fraco,
pensou que a sua dor e vergonha seriam menores
se a sua ira sobre as mulheres descarregasse.
E então uma lei nasceu:
que cada uma um só homem conhecesse.
Mas são assim as outras criaturas ?
São o sol, a lua, as estrelas proibidos por lei
de sorrir para onde lhes apetece, ou de esbanjar a sua luz ?
Divorciam-se os pássaros, ou são censurados
se abandonam o seu par, ou dormem fora uma noite ?
Os animais não perdem as suas pensões
ainda que escolham novos amantes,
mas nós fizemo-nos piores do que eles.
Quem já armou belos navios para ancorar nos portos,
em vez de buscar novas terras, ou negociar com todos ?
Ou construiu belas casas, plantou árvores e arbustos,
apenas para as trancar,
ou então deixá-los cair ?
O Bom não é bom,
a não ser
que mil coisas possua,
mas arruina-se com avidez.
Jonh Donne
Do livro: "John Donne, o poeta do amor e da morte:, de
Paolo Vizioli
Enviado por: Adriana Schimit