Vai, mísero cavalo lazarento
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto tu consente
De magros cães faminto ajuntamento:
Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal de minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento (1):
Morre em paz; que, em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra terra este letreiro:
— "Aqui, piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno a não morrer de fome"
Nicolau Tolentino
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(1) O vento da fortuna
Enviado por: Marlene Andrade Martins