LETRA PARA CANTAR LETRA PARA CANTAR
No ser, Lucinda, tus bellas
niñas formalmente estrellas,
bien puede ser;
pero que en su claridad 
no tengan cierta deidad, 
no puede ser.

Que su boca celestial 
no sea el mismo coral, 
bien puede ser;
mas que no exceda la rosa
en ser roja y olorosa,
no puede ser.

Que no sea el blanco pecho
de nieve o cristales hecho,
bien puede ser;
mas que no exceda en blancura 
cristales y nieve pura, 
no puede ser.

Que no sea sol ni Apolo, 
ángel puro y fénix solo,
bien puede ser;
pero que de ángel no tenga 
lo que con ángel convenga, 
no puede ser.

Que no sean lirios sus venas
ni sus manos azucenas,
bien puede ser;
mas que en ellas no se vean 
cuantas gracias se desean, 
no puede ser.

Não serem, Lucinda, estrelas
as tuas pupilas belas,
bem pode ser;
mas que em sua claridade
não haja alguma deidade,
não pode ser.

Que a boca celestial
não seja o próprio coral,
bem pode ser;
mas que não exceda a rosa
em ser vermelha e cheirosa,
não pode ser.

Que não seja o branco peito
de cristais ou neve feito,
bem pode ser;
mas que não vença em brancura
os cristais e a neve pura,
não pode ser.

Que não seja um anjo, o colo
da Fênix, o próprio Apolo,
bem pode ser;
porém que de anjo não enha
o que com anjo convenha,
não pode ser.

Não teres flores nas veias
nem de lírios as mãos cheias,
bem pode ser;
mas que nelas não se vejam
quantas graças se desejam,
não pode ser.

Lope de Vega
           (Tradução de Anderson Braga Horta)

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