É tão gentil e honesto o ar
Da minha Dama, sempre que aparece
E a outrem saúda, que ante ela emudece
Toda a língua, e ninguém ousa falar.
Ela vai sentindo-se louvar,
Vestida de humildade, e até parece
Coisa que lá do Céu à terra desce
A fim de a todos nos maravilhar.
Mostra-se tão graciosa a quem a mira,
Que nos filtra através do olhar no seio,
Um dulçor que só entende quem o prova.
Parece que do seu lábio se mova
Um suspiro suave, de amor cheio,
Que vai dizendo a toda alma: suspira.
Dante Alighieri
(Tradução de Arduíno Bolivar)