Que apressadas correntes humanas, ou de dia ou de noite!
Que paixões, ganhos, perdas, ardores, nadam em tuas águas!
Que redemoinhos de maldade, alegria e tristeza, te contêm!
Que curiosos olhares interrogativos — cintilações de
amor!
Olhar irônico, inveja, desdém, menosprezo, esperança,
aspiração!
Tu és portal — tu és arena — tu, da miríade de
extensas linhas e grupos!
(Apenas tuas lajes, parapeitos, fachadas podem contar suas histórias
inimitáveis;
Tuas ricas janelas e enormes hotéis — tuas amplas calçadas;)
Tu dos infindos pés de passo curto, deslizando, arrastando!
Tu, como o próprio mundo multicolorido — como a infinita, fértil
e escarnecedora vida!
Tu disfarçada, grandiosa, indizível exibição
e lição!
Walt Whitman
(Tradução de José Lino Grünewald)
Do livro: "Grandes poetas da língua inglesa do século XIX", Ed. Nova Fronteira, 1988, RJ