Como mãe carinhosa a quem doente
Menino pede, lágrimas vertendo,
Uma coisa qualquer, de que comendo
Sabe que há-de aumentar-lhe o mal que sente
E esse piedoso amor não lhe consente
Que considere o dano que , fazendo
O que lhe pede, faz, lá vai correndo,
Acalma o pranto e aumenta o acidente
Assim a meu enfermo pensamento,
Que em seu dano mo pede, quereria
Tirar o alimento que o definha;
Mas pede-mo, e chora cada dia
Tanto, que quanto quer eu lhe apresento,
Inda que seja a sua morte e a minha.
Garcilaso de la Vega
Enviado por: Belvedere