O SONO DE LEILÁ
Calmo estio; a água viva não murmura,
Nem ave alguma as asas bate, arisca;
Apenas, leve, o bengali belisca
Da rubra manga a polpa áurea e madura;
No parque real, à sombra verde-escura
Das latadas, a lânguida mourisca
Leilá repousa à sesta... O sol faísca
Num céu de chumbo ardente, que fulgura...
Oprime o rosto o braço contrafeito;
O âmbar do pé sem meia, docemente,
Colora as malhas do pantufo estreito;
Dorme e sonha e, sorrindo, o amante chama,
O lábio a abrir - fruto aromado e quente,
Que o coração refresca e a boca inflama.
Leconte de Lisle
(Tradução de Raimundo Corrêa)
Do livro "Antologia de Poetas Estrangeiros", sel. Afonso
Telles Alves, Livraria e Editora Logos, Ltda., 1965, SP
Enviado por: Giulia Dummont
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