"Desconhecimento de si na própria mudança"
Quando às vezes a mim, por mim pergunto
Quem fui responde que me não conhece
Com não ser, de quem sou me desconhece
E tem-me por defunto o já defunto.
Ele chora-me a mim, por ele ajunto
Com ele minhas lágrimas, e crece
Uma com outra dor, pois se oferece
Chorar quem já fui, e quem sou, junto.
Choro porque o não vejo qual o via,
Ele porque me vê, qual me vê chora,
De mim, e dele, só lágrimas há.
Espero por um dia, cadadia
Que ou acabe de ser quem sou agora,
Ou acabe o lembrar-me quem fui já.