Num seco ramo, nú de fruto e folha,
Ua queixosa rola geme e sente
Do casto ninho seu parceiro ausente,
E vê-lo a cada sombra se lhe antolha.
Dali dece a ua fonte onde recolha
Algum alento, e porque não consente
A dor ver água clara, juntamente
A envolve c'os pés e o bico molha.
Se ausência e amor sentida a rola tem,
Que nem de ausência, nem de amor conhece,
Em quem pesar nem sentimento cabe,
Que farão em quem sente o que padece
Quem de seu mal conhece, e de seu bem
Temo que venha a não sentir, e acabe.