JÚBILO E CAÍDA

Primeira harmonia ali te vi, não era necessário
olhar as partes de teu reino inteiro mas ali te vi
e não quis me deter em tua borda, tua borda
que está nas simples coisas cheias de tua ondulante sombra.
Que delicadamente, luz na luz, centro do dia,
você corporiza ou escolhe uma simples forma quando nos emprestas teus olhos
e como um eterno amor nos leva da mão
a tuas criaturas, ali onde eres sim,
no animado, a infinita dança,
a queixa mesma de quanto existe.
Alta serenidade todo é teu copo e cada um
declara teu uma cor nova. É abril
de um ano que para ti não conta e no entanto
um doce calor te trouxe aqui ao meu lado. Era eu apenas
uma certeza esta manhã e a espuma do sonho
e os lados do dia se apagavam em mim.
Bastou pedir, correr ao teu contágio,
para que um sopro sobre as cinzas que empoeiravam as coisas
acendesse de novo o mundo de carbunclos,
as ametistas do ar... as múltiplas facetas
de tuas brilhantes vitrines, de onde vêm,
de que abismo profundo ou de que topo público e exposto,
de que outro tempo senão visitado,
apenas entrevisto no fogo do fogo?

Pior jejum não há, que o que há de ti.

                                                                        Luis Benitez

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