Matreiro
Gosta de estar a assuntar
O que passa e o que vem
Ô mês janeleiro
Janeiro
 

Festeiro
Gosta do que vem afagar
O que acolhe o de bem
Ô mês fuzarqueiro
Fevereiro
 

Esparso
Gosta de enfim trabalhar
Do fazer o vintém
Ô mês de embaraço
Março
 

Gentil
Gosta da rotina estar
E de quem a mantém
Ô mês fabril
Abril
 

Amai-o
Gosta de tudo fantasiar
Do amor que ama alguém
Ô mês em balaio
Maio
 

Testemunho
Gosta muito de olhar
Dos santos o alegre vaivém
Ô mês redemunho
Junho
 

Barulho
Gosta de um pouco folgar
E do que não é refém
Ô mês desembrulho
Julho
 

Imposto
Gosta mais de assustar
Da própria fama e além
Ô mês decomposto
Agosto
 

Membro
Gosta do nono celebrar
E de tudo que nele contém
Ô mês de que lembro
Setembro
 

Rubro
Gosta do ano avançar
E daqueles que assim entretém
Ô mês que-me-cubro
Outubro
 

Relembro
Gosta de quase estar
No remate com certo desdém
Ô mês ano-adentro
Novembro
 

Epicentro
Gosta claro de arrematar
Do jeito de quem sobrevém
Ô mês anjo-bento
Dezembro

Ricardo Senna Guimarães