Tão Dezembro Talvez

Eis por aqui o epílogo da infância
tão dezembro talvez, nem junho ou março:
evola-se peteca no ar dourado,
a bola inclina o meio-fio. E fecha.

A carretilha volta o papagaio
e uma tarde consome o papel e as varetas.
Desmancha-se a ciranda.
Retira-se a cantiga.

Rubras rosas ocupam todo o espaço
já devolvido pela amarelinha.
Estala no ar um novíssimo perfume.

Tintilam despedindo-se as pulseiras
das meninas que cedem espaço às moças.
Começa a puberdade a dar notícias.

Olney Borges Pinto de Souza

Do livro: "Ânfora Solar", Scortecci, 1996, SP

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