Dezembro

Dezembro não pertence mais às águas
agora é só uma notícia
uma casca da madrugada
descida da árvore do tempo

Dezembro não vem mais com o vento
e em minha pele trava embates
com as marcas de outras estações

As palavras ancoradas nas marinas
do mundo
também acolhem dezembro
Só pelo hábito
de afagar-lhe o rosto

                         

Dezembros

Quando dezembro chega
não falo mais de ti poesia
não me abato mais
com sua essência
feita de tamanhas seqüelas
Vejo nas ruas
as quartas-feiras grávidas,
as latas chutadas dos poemas
e versos improvisados
Quando dezembro chega
acato o que dizem as palavras.
Avanço por dentro
da noite
em busca do país
negado

                         Francisco Orban

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