POEMA DE JULHO

Ouve, na noite, os passos da angústia
pesados
profundos
abrindo caminhos duros
de amargura
no rosto incompreendido

        De onde vem essa dor
        que caminha na noite?

A brisa da angústia
arrepia os oprimidos
os machucados
os tímidos
os desesperados
e os amantes sem sossego

Na noite o angustiado
está só
na solidão dos inquietos
dos inseguros
dos amedrontados
dos perplexos
Só na solidão dos que seguem
os caminhos da noite
em meio aos bêbados,
aos loucos,
aos mendigos
e aos que choram

         sem saber por quê.

                                                Mauro Salles

Do livro:  "Recomeço", Objetiva, 1999, RJ

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