Julho
Há muito que rolou no abysmo do passado
A tétrica Bastilha – a rígida montanha,
Onde o povo sentiu, outr'ora agrilhoado
Do vencido Titão a desventura extranha!...
Proletário de pé!... Todo o ouro accumulado
É um Cáucaso também... E, desabrida sanha,
Como a de um fabuloso abutre exasperado
A garra da extorsão vos dilacera a entranha!...
Vamos! Do mez de Julho a immoredoura gloria
Vos lembra como faz um povo, em tempestade,
Das negras maldições um canto de victoria...
Não vos fraqueije o horror de uma batalha insana,
E vinde commungar a hóstia da egualdade
Perante o largo altar da consciência humana.
Arthur Bahia
Do Almanach de Pernambuco, ano 5, 1903, Recife/PE
Envio: Leninha